Agromuseu e Casa do Colono resgatam memórias e tradições na Expoingá 2025

Espaços emocionam visitantes ao retratar o modo de vida rural e preservar a história de gerações no campo

Durante a Expoingá 2025, é possível visitar o Agromuseu e a Casa do Colono — espaços que trazem à tona memórias vividas no campo e proporcionam uma verdadeira viagem no tempo. Muito procurados por escolas, centros de convivência de idosos e pelo público em geral, os locais receberam, nesta manhã, a visita da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).

Em meio a objetos antigos, móveis rústicos, utensílios de cozinha e ferramentas de trabalho do campo, emergem lembranças vívidas de um Brasil rural que moldou a identidade de gerações. Para muitos idosos que percorrem o espaço, como Maria Romeiro de Jesus Nunes, de 83 anos, o passeio não é apenas uma visita, mas um reencontro com a própria história.

“Eu achei muito maravilhoso. A gente volta lá atrás, vê as coisas antigas: o poço, o fogão a lenha, o forno… Eu adoro”, conta dona Maria, emocionada. Ao entrar na Casa do Colono, ela relembrou a casa de sua infância, com chão batido e feita de tábuas. Entre os itens que mais despertaram suas memórias estão a cama com colchão de palha, o armário antigo da cozinha e o famoso “buffet”, como era conhecido o guarda-comida de madeira.

A experiência também tocou profundamente sua filha, Elsa de Moura Nunes, de 63 anos. “A gente foi criado no sítio, dentro da pobreza. Não era arrumado, era banco duro, mas era muito maravilhoso. Brincávamos de roda, peteca, pega-pega…”, relembra. A visita resgatou lembranças da infância ao lado da mãe, dos irmãos, dos dias frios em que quatro crianças dormiam juntas para se aquecer e das noites em que olhavam o céu pelas frestas das casas de madeira.

Dona Elsa acredita que espaços como a Casa do Colono têm um papel essencial na educação das novas gerações. “Tem que explicar bem para as crianças, porque os meus netos, se vissem isso, perguntariam: ‘Vovó, é verdade que você morou numa casa assim?’”. Com orgulho, ela ensina aos netos sobre a roça e suas tradições. “Tenho um engenho antigo em casa. Um dia mostrei como se fazia açúcar da cana, e meu neto ficou emocionado, chorou ao ver o caldo sair da planta. Isso é memória viva.”

Assim como ela, dona Catarina Pereira, de 68 anos, também reviveu lembranças fortes ao visitar o Agromuseu. “O que mais me marcou foi o momento da roça: a colheita de café, de feijão, de milho… Vivi tudo isso.” Após décadas de trabalho no campo e depois na costura, ela encontra nas lembranças do passado um alento diante da agitação do mundo moderno. “Hoje tudo é atropelado, muita agitação. Antigamente o cansaço era gostoso. Hoje é um cansaço agoniado, não tem descanso.”

O Agromuseu, além de resgatar a história da colonização e das práticas agrícolas da região, também registra a trajetória do Paraná como um dos maiores produtores de café do mundo — um ciclo que teve seu auge e declínio, dando espaço para o cultivo de milho, trigo, cana, arroz e até mesmo para a produção de seda, destacada no Vale da Seda. Ferramentas, objetos e maquinários antigos ajudam a contar essa história, com contribuições da Sociedade Rural e da comunidade local.

Mais do que um acervo estático, o Agromuseu e a Casa do Colono são lugares de afeto, onde o passado se transforma em narrativa viva, compartilhada com filhos, netos e visitantes. São espaços de pertencimento e memória, que conectam gerações e ressignificam o valor do trabalho, da terra e da simplicidade.

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